Resumo do Livro: O Teste da Mãe de Rob Fitzpatrick - Como validar suas ideias e por quê entender sobre pesquisa Qualitativa e Quantitativa muda tudo.
- Bia Ferraz
- 13 de mai.
- 4 min de leitura
Você está testando uma ideia ou apenas ouvindo o que quer ouvir?
Muitas pessoas apaixonadas por suas ideias cometem o mesmo erro: confiam em elogios, achismos e “feedbacks” vagos para tomar decisões importantes. É aí que entra um pequeno livro com um impacto enorme: O Teste da Mãe, de Rob Fitzpatrick.
A tese do autor é simples e poderosa:
Se até a sua mãe mente para não te magoar, sua ideia precisa passar por perguntas que nem ela consiga “maquiar”.
🧪 O que é o Teste da Mãe?
É uma metodologia de validação de ideias. O objetivo é aprender a fazer perguntas que extraem informações reais sobre comportamento, problemas vividos de verdade e ações concretas já tomadas — e não opiniões educadas, projeções ou suposições.
Os três princípios básicos orientam essa abordagem:
Fale sobre a vida da pessoa, não sobre a sua ideia.
Não pergunte: “Você compraria isso?”
Pergunte: “Como você lida com esse problema hoje?”
Pergunte sobre o passado, não sobre o futuro.
Não pergunte: “Você usaria esse app?”
Pergunte: “Quando foi a última vez que você usou algo parecido?”
Ouça mais do que fala.
Você não está tentando vender. Está tentando aprender.
💬 Exemplo prático
Você quer criar um aplicativo para controlar alimentação saudável. Veja a diferença entre perguntas que geram achismo vs. perguntas que revelam comportamentos reais:
❌ Pergunta Ruim | ✅ Pergunta Boa |
“Você usaria esse app de dieta?” | “Como você controla sua alimentação hoje?” |
“Legal, né? Você compraria esse planner?” | “Como você se organiza no dia a dia?” |
“Você gosta dessa solução?” | “Qual foi o último problema que teve com isso?” |
“Se eu fizesse isso, você usaria?” | “Me conta uma situação recente em que você enfrentou esse desafio.” |
“Você pagaria por isso?” | “Quanto você gasta com isso hoje?” |
📊 Mas onde entra a pesquisa aqui?
A metodologia do livro é um exemplo claro de pesquisa qualitativa bem aplicada. E aqui vale entender a diferença fundamental entre pesquisas qualitativas e quantitativas, porque cada uma serve para um objetivo diferente.
🔍 Pesquisa Qualitativa x Quantitativa – Qual usar?
Pesquisa Qualitativa
Objetivo: Explorar percepções, comportamentos, motivações, experiências pessoais.
Quando usar:
Para descobrir se um problema realmente existe.
Para entender como as pessoas se comportam em relação a um tema.
Para explorar como e por que algo acontece.
Métodos comuns:
Entrevistas em profundidade
Grupos focais (focus group)
Observação direta
Exemplo:Você entrevista 10 pessoas para entender como elas controlam o orçamento pessoal. Você quer descobrir quais dores elas têm, como elas resolvem, e o que seria uma solução ideal.
Use no começo do projeto para descobrir o problema certo a resolver.
Pesquisa Quantitativa
Objetivo: Medir e quantificar comportamentos, preferências ou opiniões em grandes grupos.
Quando usar:
Para testar hipóteses.
Para medir o tamanho de um mercado.
Para entender proporções e frequências.
Métodos comuns:
Questionários estruturados
Enquetes com múltipla escolha
Análise estatística
Exemplo: Você aplica um formulário online com 300 pessoas para saber quantas usam aplicativos de finanças, quais apps e quanto pagam por mês.
Use quando já conhece o problema e precisa medir sua relevância.
🛠️ Como combinar tudo isso na prática
Comece com pesquisa qualitativa (ex: Teste da Mãe).Descubra dores reais, padrões de comportamento e expectativas.
Depois aplique uma pesquisa quantitativa.Valide se o problema/desejo que você encontrou é comum a muita gente e qual é o perfil dominante.
🧠 Guia prático de perguntas do Teste da Mãe
🎯 Sobre o problema
Qual foi a última vez que você enfrentou [problema]?
Como você resolveu isso na prática?
Quais soluções você já tentou? Funcionaram?
O que te incomoda mais nesse processo?
🕓 Sobre comportamentos reais
Como você lida com [situação] hoje?
Você gasta tempo/dinheiro tentando resolver isso?
O que te frustra no que já existe?
🛎️ Sobre urgência e valor
Esse problema é urgente ou só um incômodo?
Como você priorizaria resolver isso em comparação com outros problemas?
Você já pagou por algo para resolver isso?
Para refinar sua ideia, depois de validar a dor
O que você gostaria que fosse diferente em uma solução?
Se pudesse resolver isso com um passe de mágica, como seria?
⚠️ Erros comuns (e perigosos, sinais de alertas)
Conduzir a pessoa à resposta que você quer ouvir.
Ficar explicando demais a sua ideia antes de ouvir.
Ouvir promessas de uso futuro (“Se tivesse, eu usaria…”).
Ficar satisfeito com elogios e frases genéricas (“Muito bom!”).
Elogios vagos: “Achei legal”, “Boa ideia!”
Futurismo ilusório: “Se existisse, eu usaria…”
Conversas sobre funcionalidades, e não sobre problemas reais.
Entrevistas com amigos/família (tendem a te agradar).
Você está falando mais que ouvindo? Cuidado.
✅ Resumo final
Validar uma ideia não é sobre buscar confirmação. É sobre buscar a verdade — mesmo que ela não seja o que você esperava.
Use o Teste da Mãe para descobrir:
Se o problema é real.
Se é doloroso o suficiente para ser resolvido.
Se as pessoas já gastam tempo ou dinheiro tentando resolvê-lo.
Se elas estão prontas para ouvir sobre uma solução como a sua.
Descobriu uma dor real, frequente e com impacto?
A pessoa já tentou resolver isso sozinha?
Existe dinheiro ou tempo sendo gasto com isso?
Ela te deu histórias reais do passado?
Você falou menos de 30% do tempo?
E lembre-se: a melhor forma de fazer isso é com pesquisa qualitativa bem conduzida, e quantitativa aplicada na hora certa.
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